50 - “FOGUEIRA DA INQUISIÇÃO DOS LÍNGUAS PRETA”

Era uma vez uma empresa administrada por um patrão muito sábio. Porém esta empresa passava por grandes dificuldades, o salário às vezes atrasavam, já não havia capital para pagar bonificações como em outras épocas. Além de tudo a patrão estava demitindo alguns funcionários, aumentando o volume do trabalho para os que ficavam.

O clima não andava nada bom, os funcionários acreditavam que tudo isso estava acontecendo por má vontade do patrão com eles, afinal a empresa sempre honrou suas contas, e isso agora só podia ser uma estratégia do empregador que já algum tempo vinha diminuído seus benefícios pouco a pouco.

Assim decidiram por fazer greve e todos pararam de trabalhar, eles reivindicavam aumento de salário, diminuição de jornada, benefícios e outras gratificações. A empresa neste momento ficou paralisada a espera de uma decisão do Patrão.

O patrão no auto de sua sabedoria reuniu todos para uma conversa, e de forma bem clara expôs as dificuldades que vinha enfrentando, em função da alta concorrência, dos produtos importados, da globalização, da grande carga tributária, dos custos para adequação as normas do IBAMA, ANVISA, PROCON, CREA, CIPA. Além das ações trabalhistas, cíveis, acidente de trabalho, entre outras diversas situações que empresa tinha arcar.

O patrão explicou também que essa situação já vinha acontecendo algum tempo, mas sempre conseguiu cumprir com suas obrigações realizando financiamentos em Bancos. Mas agora estava encontrando dificuldade para renovar estes empréstimos, e ainda tinha que pagar os juros contratados, e por isso estava difícil manter a empresa sólida como nos anos anteriores.

E por tudo isso pedia a compressão de seus funcionários pois vinha fazendo ajustes nos custos na produção, e tinha realizado a venda de bens particulares para injeção de capital na empresa, com isso a projeção era que em 02 meses as coisas voltariam a sua normalidade, e não mais haveria atrasos e suas reivindicações seriam atendidas.

Alguns entenderam a sinceridade do patrão e já se manifestavam pela volta ao trabalho, mas a greve ainda continuava. Eis que o patrão sensato e paciente vendo que eles não conseguiram entender completamente suas razões, fez mais uma proposta. Como segunda opção propôs que deixassem de ser funcionários e se transformassem sócios ou cooperados na sociedade, e com ele dividissem a responsabilidade de administrar aquela empresa onde as contas a pagar já eram maiores que as receber.

Propôs a quem interessasse que integralizassem um pouco de suas economias no capital da empresa a fim de obter ainda mais cotas, exatamente como ele vinha fazendo nos últimos anos. Lembrou que por não serem mais funcionários não receberiam 13 salário, férias e nem teriam direito a Pis e FGTS. Sugeriu já que também seriam sócios, que cada um trabalhasse 14 horas por dia assim como ele vinha fazendo, e não mais 8 horas que reivindicavam a fim de sairem mais rápido daquela situação.

Ao ouvir isso todos entenderam que precisavam dar mais uma chance aquele empresário que já vinha fazendo de tudo para manter o emprego de todos. E assim voltaram ao trabalho, compreenderam que foram injustos com as acusações feitas aquele patrão que tanto lutava para manter o emprego de cada funcionário que estava ali.

Logicamente não quero abordar o direito dos empregados de fazer greve, pois isso é legítimo, esta é apenas uma história para comparar com nossa forma de agir diante de muitas situações da vida alheia, onde falamos, imaginamos e criticamos, mesmo não tendo conhecimento pleno da situação da vida das pessoas. Criamos uma versão própria e por ela fazemos nossas críticas e comentários, na maioria das vezes com palavras injustas.

Basta alguém errar para apontarmos seus erros e defeitos, e ainda multiplicamos por 10 estes erros. E sem percebermos colocamos um pobre infeliz na “FOGUEIRA DA INQUISIÇÃO DOS LÍNGUAS PRETA”

"HOMEM SEMPRE QUER PROVAR QUE A OUTRO HOMEM ESTÁ ERRADO". Difícil explicar mas sempre é assim.

É evidente que cada pessoa tem seus problemas, e estes são só seus, não devemos fazer suposições e julgamentos das pessoas, cada um tem um jeito de pensar e agir. Na verdade não temos sabedoria o suficiente nem para entender os nossos problemas, quanto mais os dos outros.

Precisamos ficar atento com nossas palavras, pois elas podem ser a ferramenta da injustiça. Antes de falar algo de alguém, primeiro é preciso verificar sua veracidade, e mesmo sendo verdade, precisamos nos perguntar se fosse conosco será que gostaríamos que falassem de nós? Qual a necessidade de falar isso?

Lembre-se que pessoas sábias sempre conversaram de idéias e assuntos importantes, só as pessoas pequenas se preocuparam em falar da vida de outras pessoas.

Postado em 10/08/2010 21: 15

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